Uma semana no metrô - manada de vaquinhas
Outro dia resolvi experimentar usar o metrô, já que minha situação financeira já me permite o luxo de reduzir pela metade o tempo das viagens de ida e volta para casa. Pura ilusão. Depois de uma semana nesta rotina me mostrou como um gado indo para o abate se sente. Ou sardinha enlatada. Ou qqr outro tipo de rebanho andando em direção do fim do túnel.
8h30 – Chego na estação de Brockley assim como metade da população do bairro que trabalha no horário comercial. O trem pára ao som de mensagens de desculpa pelo atraso, e começa a luta para espremer-se dentro do vagão já abarrotado. Se estivesse com sorte e uma grande pressa, conseguiria entrar na lata de sardinhas. Achei melhor esperar o próximo trem que, infelizmente, não vai estar como nas manhãs de sábado ou domingo – únicos dias de imenso prazer dentro desta máquina veloz.
Por pelo menos 10 minutos sei que vou ficar na mesma posição, tendo que me segurar para não cair com o balanço do trem (que por sinal já nem balança tanto devido ao peso) e meu campo de visão vai se reduzir a inúmeras cabeças coladas ao meu redor e alguns livros e jornais brigando por espaço entre um corpo e outro.
8h50 – Desembarco em London Brigde e, ao ritmo da manada, ando apressada para o metrô. E como ando. Vira a direita, desce uma escada, anda por um longo corredor, vira esquerda, desce mais escada. Ufa! Minha plataforma. Outra multidão com o Metro nas mãos e Ipod nos ouvidos em um silêncio mórbido. Uma rajada de vento sopra. O trem chegou. Mais alguns minutos de aperto e desconforto até Estação Waterloo onde tenho que pegar a linha Norte que me leva o mais próximo da escola.
9h10 – A manada não muda e cada vez fico mais assustada me sentindo uma vaquinha indo para o abate. Não é a toa que esse povo é tão estressado em grandes cidades. Começando o dia assim até eu chegaria ao escritório (provavelmente já ouvindo o chefe reclamar do atraso) e soltaria os cachorros em cima dos outros.
9h20 – Saio para a rua em Oxford Street, ando mais uns cinco minutos e, até que enfim, cehgo a minha escola. Ao menos vou sentar e relaxar. O pior é quando chego ao trabalho depois de tudo isso. Quer algo ainda pior? Essa rotina no final do dia, com as pernas e pés acabados depois de uma tarde inteira cambaleando entre as mesas do Café Punch.
E se vocês repararam nos horários, no fim das contas acabo levando praticamente o mesmo tempo que levaria se fosse de ônibus, tendo como adicional todas estas vantagens citadas acima. Definitivamente, esse luxo da vida urbana (já que pago o dobro do preço do passe semanal de ônibus para andar de metrô) não é para mim.
Prefiro gastar alguns 20 minutos a mais nos meus percursos casa – escola – trabalho – casa lendo ou pensando na vida sentadinha no busão lotado de manos da periferia.
2 Comments:
Até desse espreme-espreme eu sinto falta... mas o ônibus ainda tem a vantagem de conhecer a cidade, né?!
Beijos
Fica reclamando da manada enquanto tem um boizinho dentro de casa... Etresses...
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