Friday, July 29, 2005

Semana agitada

Muito trabalho, chuva demais, frio fora de época, mas até que enfim meu primeiro pagamento! Tenho muitas novidades pra contar, porém o tempo urge e na capital com o maior custo de vida do mundo mais do que em qualquer outro lugar: tempo é dinheiro!

Por isso, no domingo, quando trabalho só até as 6 horas da tarde, vou ter um tempinho para escrever sobre os acontecimentos da semana: Niver do Paolo + Balada londrina na Segunda, Folga e Museu da Guerra na quarta, a lot of work na última semana de liquidação da Harrods e, o melhor de tudo, sexta-feira dia do pagamento.

Deixo vocês agora com uma foto da festa de aniversário do Paolo (meu flatmate), que teve aqui em casa na segunda. Essas italianas quando estão juntas.....a Cristina, que está se mudando no domingo para a casa do namorado, e as duas amigas Anton e Betty prepararam um bolo para o Paolo, que trouxe os vinhos. Foi mais uma noite divertida de festa regada a vinho e comida com os italianos.

Incrível como gostam de se reunir pra comer.. hoje, por exemplo, mais uma vez cheguei em casa e aquele bando de italianas estavam reunidas falando alto, comendo pizza e bebendo vinho. Claro que sempre estão também presentes os dois homens da casa: o Clyde e o Paolo. Eu só me divirto observando-as!


Na foto, da esquerda para a direita: Alma (minha roomate que só vi duas vezes na vida), Clyde, Anton, Betty (de costas), Cristina (filmando), Ann Flora (francesa que está visitando a Cris) e Paolo, com seu bolo.

Monday, July 25, 2005

A hora de Jean de Menezes

Muitos desconhecidos no meio da multidão, principalmente em um grande cidade como Londres, gostariam de ter seu rosto estampado nos jornais. Fama e sucesso é o sonho de muitos, imagine então se for mundialmente. Na manhã desta segunda-feira, Jean Charles de Menezes estava na capa dos principais jornais londrinos e de muitos outros ao redor do mundo, porém ninguém gostaria de estar na pele dele. Quem dera “A hora de Jean de menezes” fosse mais um conto de Clarice Lispector. Infelizmente, o personagem aqui é de carne e osso e não desejava ter e fama custe o que custar.

“No lugar errado, na hora errada”, trazia o The Independent, “Mais inocentes podem ser baleados” afirmava o The Daily Telegraph, “Uma pequena caminhada e o ônibus n2 – Uma jornada muito ordinária em direção a morte”, estampava o The Guardian e “Alguém pode levar um tiro” alegava o The Daily Mirror. Todos relatando o triste assassinato de um brasileiro morto pela polícia mais eficiente do mundo, que nem se sequer anda armada pelas ruas.

Infelizmente, é tão corriqueiro gente ser morta pela polícia no Brasil que esta frase não ganharia nem uma chamada de capa se acontecesse na terra das famosas favelas, onde vemos jornais falando em chacinas, assassinatos em massa, tiros que matam muito dezenas ou até mesmo centenas de inocentes.

Claro, a situação é completamente diferente. O fato é outro e, principalmente, o país é outro. O grande problema aqui é o clima de pavor, tanto por parte da população que não pode nem ouvir a palavra "bomba", quanto pela polícia que se vê pressionada em mostrar eficiência. Entrar com uma mochila muito cheia no metrô ou ônibus já é motivo suficiente para ser vigiado e receber olhares ameaçadores de todos.

Agora oito tiros na cabeça, como foi relatado em uma investigação independente, em um homem já rendido e deitado de costas no chão é uma atitude um pouco exagerada.

Brasileiro tem suas manias, ou melhor, aqui quem é estrangeiro tem algumas manias. A primeira delas é fazer de conta que entendeu e ignorar o que está ouvindo em inglês, mesmo que não queria entender. Ouvi muitos comentários do tipo "mas porque ele não parou? Mesmo se você não entende o que é 'shut down', quando a polícia te aponta uma arma é instintivo levantar os braços!". Entretanto isso foi no sábado, quando os fatos ainda estavam nebulosos e ninguém sabia ao certo o que tinha acontecido.

Hoje, depois de esclarecido muitos pontos, ficou claro que nada justifica a atitude dos policiais, que não vestiam uniformes e só se identificaram depois de matar Jean de Menezes, como relatou uma testemunha ocular. Uma coisa é certa: apesar de protestos, debates sobre o tema e depoimentos de famosos criticando a polícia britânica, como Jack Straw e Ian Blair afirmaram, atirar para matar quando a suspeita é de terroristas carregando bombas continua sendo a regra.

O que nos resta como moradores do atual alvo de homens bombas é torcer para não ser confundido e ter muito cuidado ao escolher que roupa vestir toda manhã. Mesmo que sinta que o que chamam de verão aqui é o inverno que costuma ter no Brasil, prefira passar frio a sair muito encasacado esta época do ano e correr o risco de levar um tiro por engano.


Esta e especialmente pros meus pais, depois de tanto pedirem para eu mandar foto com o uniforme do trabalho. Ai estou na area dos lockers. Foto tirada ontem antes de comecar o trabalho. Posted by Picasa

Friday, July 22, 2005

Noite de salsa

Mais bombas! Uepa! Viva! Vamos a bailar! Decidi finalmente pegar uma balada londrina e clássica – uma noche bailando salsa! Nem mesmo os ataques fizeram eu mudar de planos, porque afinal de contas nem foi tão grave assim e já tinha passado, não é mesmo!?

O bar Salsa! tem um astral maravilhoso. Todo dia são oferecidas duas sessões de uma hora de aula de dança, que normalmente custam 5 libras e que nos finais de semana são gratuitas. Até as 9 horas você não paga para entrar no bar, o que é muito comum aqui em Londres. Como a música só começa a tocar para o público ali pelas 9h30 e cheguei umas 8 horas, parei para assistir a aula. Lá pelas tantas o professor precisava de mais uma parceira e me chamou. Claro que não neguei. Assim, recapitulei os passos básicos que não praticava a mais de um ano, já que a última vez que dancei salsa foi no louco casamento que fui com os colombianos lá nos Estados Unidos.

Me diverti muito e acho que fiz jus a minha nacionalidade. Pelo menos foi a impressão que tive quando assistia os ingleses tentando mexer o quadril. Depois disso, o Noel (ex-roommate do Tiago que também trabalha na Harrods) apareceu e a pista de dança abriu para todos. Bebi tequila e matei a saudade de dançar salsa! Uepa! Viva la musica latina! Mais tarde o Tiago também apareceu e ficamos por lá até meia-noite dançando, conversando e bebendo umas caipirinhas (hehehe, aqui tem viu!).

Acertaram na mosca! Terrorismo no transporte público - Bem vindo ao caos

Para a alegria da imprensa marrom, o terror ataca a cidade mais uma vez e, por ironia do destino (ou talvez não), justamente no dia em que o tablóide inglês Evening Stardard afirma que a “cidade está aprendendo a sorrir novamente”. As semelhanças com o atentado de 7 de julho não se restringiram apenas ao dia da semana escolhido. Ontem aconteceram igualmente quatro explosões que no mapa formal uma cruz (norte, sul, leste e oeste), os alvos foram três estações de metrô e um ônibus, bombas estavam dentro de mochilas e os ataques foram simultâneos.

Entretanto, desta vez as mochilas foram deixadas no local, as explosões aconteceram entre 12 e 14 horas e, felizmente, o ataque não foi bem sucedido. Somente uma pessoa ficou ferida. Pelo menos isso é o que parece, já que a polícia ainda investiga a real intenção dos terroristas. Porque mesmo sem vítimas fatais, a população reviveu momentos de medo e caos na volta para casa.

Em uma cidade onde é preciso pagar 8 libras diárias para dirigir no centro, já pode-se imaginar o que acontece quando o sistema de transporte público não funciona como deveria. Isso sem contar a grande massa de turistas presentes nesta época do ano, que parece não terem se assustados com o primeiro ataque, já que as ruas e pontos turísticos continuam abarrotados de gente.

Para os moradores, as explosões deixam de ser motivo de puro pânico e começam a ter um outro significado: indignação com a longa espera e muita complicação para chegar em casa no fim de um dia de muito trabalho. Eu, por exemplo, ao invés de esquentar a cabeça tentando descobrir qual o caminho que me levaria para casa (já que meu ônibus de volta passa em frente a estação Oval, uma das atingidas), resolvi ir ao clube Salsa!, no Soho, depois de sair da Harrods. Assim, esperava a hora do rush passar dançando e me divertindo.

A impressão que tive ontem na cidade foi que as pessoas já estavam se acostumando com este tipo de notícia. Isso porque diferentemente do que aconteceu em 7 de julho, toda a região dos teatros entre Trafalgar Square, Picadilly e Covent Garden continuava funcionando normalmente e cheia de turistas andando pra lá e pra cá. Tanto que nenhum espetáculo foi cancelado e nem mesmo as casas noturnas fecharam.



Minha cliente VIP de quarta-feira - agora exilada no Reino Unido, Benazir Bhutto foi primeira-ministra do Paquistao de 1987 ate 1996. Com apenas 16 anos, Miss Bhutto foi estudar na Universidade de Harvard para seguir os passos do pai, Zulfikar Ali Bhutto, que em 1973 se tornou primeiro-ministro do pais.Posted by Picasa

E os terroristas atacam novamente...

Eu soube da notícia ali por umas duas horas da tarde, quando a Ana, a chef do Café Punch, recebeu uma ligação contando o que tinha acontecido. Me assustei ao saber sobre os pontos escolhidos pelos terroristas, já que além de passar todo dia na volta pra casa por Oval Station; na minha primeira semana em Londres morei em Shepherd’s Bush. O pior de tudo foi a agonia de ter que continuar atendendo calmamente sem saber de nada.

Somente quase uma hora depois que fui ter mais algumas informações. No meu break liguei para o Tiago, que estava acompanhando pela TV e disse que foi um “trabalho bem mal feito por parte dos terroristas”, e pude ouvir alguma coisa pela rádio, já que encontrei o Noel e seu super celular ultra-moderno e completo. Dentro da Harrods nem parecia que novamente Londres era o foco de todas as grandes empresas de comunicação do mundo. “Porque eu deixaria de sentar para ler meu livro enquanto fumo um Cuesta Rey no Café Punch?”, deveriam estar pensando alguns dos freqüentadores assíduos que ficam no mínimo uma hora ali sentados fumando, apreciando o movimento e lendo algum best-seller.

Falando nisso, na quarta-feira atendi outra celebridade, desta vez do ramo da política: a ex-primeira-ministra do Paquistão, Benazir Bhutto. Como sempre, só fui descobrir isso porque meu chefe veio me contar. Bem que estranhei que na mesa onde ela estava sentada com outras três mulheres o assunto dominante era o Paquistão e os atentados. No dia anterior ela estava dando uma entrevista na televisão. Tenho que começar a marcar na agenda a lista de famosos que atendo. Se continuar nesse ritmo até o final do ano vou ter um número considerável de nomes anotados no meu caderninho.

Wednesday, July 20, 2005

Tate Modern

O dia voa, e como voa nos dias de folga. Penso em fazer um zilhão de coisas e não concretizo nem metade. Ora falta de tempo, ora é a mera preguiça. Ontem, por exemplo, tinha planejado ir ao War Museum depois da aula (acabei indo ao Tate Modern), estudar inglês e conhecer as redondezas de onde moro. Porém, como era de se esperar, cheguei no Museu muito mais tarde do que queria. Também, quem quer correr quando não tem obrigação com o relógio do chefe?

Depois da aula fui até a casa do Tiago, que está em ferias. Na semana dos atentados, ele e o Klaus foram para Amsterdam. Para a sorte de ambos, já que o Klaus mora próximo a Edware Road e todo santo dia pega o metro nesta estação, alvo de um dos homens-bombas de 7/7.

O Tiago se mudou pra lá na semana passada. A casa é otima, super bem localizada e o preço excelente. Mas vamos ao que interessa, pois como diriam alguns, o tempo urge!

Ele me convenceu a ir ao Tate Modern para ver a exposição da Frida Kahlo, que não me atrai muito, apesar disso já fazia algum tempo que queria ir ao museu ver o acervo. Grande surpresa! A desinformada aqui nem fazia idéia da quantidade de coisa famosa que tem lá dentro, começando pela privada do Duchamp e várias obras de Andy Warhol!

Neste dia descobri que ao menos para alguma coisa serviram as aulas de Estética com o Finco: O que é arte? Um objeto tirado de seu contexto e colocado em um museu é arte? Vendo ao vivo e a cores, só conseguia lembrar da gente discutindo arte moderna na terceira fase. Dei uma baita desenterrada agora, mas quem passou por estas aulas sabe exatamente do que estou falando. Ah, outra obra inesquecivel que vi no Tate foi o quadro mais famoso de Mondrian, usado como referência pelo nosso querido Mestre Barreto em uma capa recente do Zero. Não tive como não lembrar do expediente daquela edição - Arte: Wendel Martins, Mondrian, Ildo (eu acho). Grande Barreto!
As obras mais marcantes estão logo abaixo. Depois de conhecer outros museus, fico mais tempo divagando aqui sobre o que é arte.


Esse com certeza ganha disparado em beleza est�tica, equilibrio de elementos e cores. Vendo isso s� chego a uma conclus�o: assim ate sou uma artista e me pergunto: como avaliar o que � arte? Esta obra e classica de Ives Klein, chamada IKB 79 Posted by Picasa


Dentre tantos imortalizados, encontrei um brasileiro no Tate Modern: Sergio de Camargo com a obra Large Split, de 1964 Posted by Picasa


O que voc� v� ai? Realmente nada se compara a ver uma obra ao vivo. Aqui e ate dificil ver algo, mas pessoalmente da pra ver muito bem o lago e as flores. Outro classico que so pelo tracado ja se identifica a distancia: Monet - Water Lilies 1916 Posted by Picasa


Lembra do famoso "O grito"? Este quadro � do mesmo autor: Munch, The sick Child 1907.  Posted by Picasa


Ahh, esse eu reconheci de longe: os famosos pesco�udos de Mondigliani, n� Fabiano?! O nome da obra: Madame Zborowska, 1918 Posted by Picasa

Tuesday, July 19, 2005


Apesar de n�o gostar muito de Picasso, este � um dos poucos que me atraiu. Weeping Woman, de 1937 Posted by Picasa


Salvador Dali, um dos meus artistas favoritos. Esta obra, Mountain Lake, � de 1938. Reparem como o lago tem o formato do peixe e na maneira como ele usa a luz, os reflexos. Posted by Picasa


A famosa privada de Marcel Duchamp, nem acreditei quando vi...so lembrava das discussoes das aulas de estetica sobre o que e arte. Ai esta! Posted by Picasa


Minha rua, vista da janela do meu quarto. Posted by Picasa

Sunday, July 17, 2005

Domingo off, com sol e calor

Nem acreditei quando vi no quadro de shifts work (horario de trabalho de cada um) que não iria trabalhar neste domingo. O único dia que posso dormir um pouquinho mais e, hoje, com o lindo sol que está na rua, posso passear, relaxar e descansar!

Como o movimento está baixo na Harrods (por causa do bom tempo na rua, é claro), nesta semana toda a equipe teve horas reduzidas. Eu vou ter três dias de folga, só trabalho agora na quarta. Mesmo recebendo menos, o que não é uma boa notícia, vou poder fazer algumas coisas que não estou tendo tempo para fazer. Primeiro, estudar um pouco mais o inglês, segundo; continuar entrando em contato com redações de revistas brasileiras e, terceiro, curtir as programações free Open Air de Londres.

Hoje, por exemplo, vou assistir a um concerto de músicas latinas no Royal Festival Hall, no final da tarde. Logo mais devo dar uma circulada pela vizinhança, já que nem ao menos isso eu consegui fazer ainda.

Ontem, depois do trabalho, fui até o National Theatre para assistir um show de uma banda chamada Angel brothers, mas estava tão cansada que acabei dormindo deitada no chão! Calma, não me chamem de louca ainda. O som do grupo é um super mix cultural, com violino, guitarra, bateria, batuque e sons indianos.

Super relax, e todo mundo estava sentado ou deitado no chão. Só que foi tão relax que quando vi tinha apagado! Resolvi ir pra casa, claro. Incrível como eu estava pregada, no ônibus não conseguia me segurar de tanto sono.

Antes que eu esqueça, na sexta-feira atendi no Café Punch uma estrela dos palcos londrinos. Claro que só descobri isso porque o Znibylin (definitivamente, não sei escrever o nome dele) veio fofocar pra mim. Enquanto pegava os pedidos das duas, bem que achei a mulher "exótica": super maquiada, cabelo super produzido, porém mais parecendo uma cigana tirada das telas do cinema do que qualquer outra coisa. Não me perguntem o nome dela, porque pedi para o Znibylin repetir umas 5 vezes e não consegui gravar. O que sei é que, agora, ela é atriz de musicais , mas começou a carreira fazendo filme pornô. Hoje tem uns 50 anos, mas rostinho de 30.

O mais engraçado em atender alguém famoso que você não conhece é que isso não causa nenhum impacto no seu trabalho. Agora imagine se fosse a Angeline Jolie! Era capaz de eu derrubar a bandeja na mulher de tão nervosa que eu ficaria. Falando nela, na semana do Live Aid ela jantou no restaurante onde o roommate do Tiago trabalha, na Harrods.

Bem que o Brad podia visitar o Café Punch não acham?! hehehehehe


Canary Warf, o lado super moderno de Londres Posted by Picasa

Thursday, July 14, 2005


The Miracle Show, teatro ao ar livre na beira do T�misa Posted by Picasa


Pra variar um pouco, uma foto minha, numa loja de brinquedos gigante na Regend Street Posted by Picasa


British Library Posted by Picasa


Cidade para ao meio-dia para fazer dois minutos de silencio pelos mortos e feridos da semana passada. A foto � uma ruela no Soho. Posted by Picasa

Minuto de silêncio pelos atentados

Uma semana depois, Londres e diversas partes do mundo param e ficam dois minutos em silêncio em condolências aos que morreram e ficaram feridos no ataque terrorista do dia 7 de julho. Mais uma vez cenas inacreditáveis pelas ruas que nunca parecem dormir: silêncio onde usualmente é até dificil conversar de tanta poluição sonora. O trânsito na Oxford Street pára, trabalhadores saem dos escritórios e vão para as ruas, uma multidão se forma em frente a estação de King's Cross, a rainha observa a cerimônia em seu palácio e o primeiro-ministro se junta a uma equipe de policiais.

Eu, sem dinheiro para comprar o jornal diariamente, nem sabia o que estava acontecendo quando cruzei as ruelas de convent garden. De repente tudo parou. Parecia que tinham esquecido de dar corda no mundo. Eis a foto logo abaixo do momento, apesar de a imagem nem se comparar a sensação do momento. Fiquei realmente impressionada com aquilo.

Depois de dois minutos ali parada, segui para o National Theatre para assistir um espetáculo de teatro de rua. Todo dia tem alguma apresentação free por lá. Na verdade, nesta época do ano, por toda a cidade tem coisa gratuita e, o melhor de tudo, ao ar livre. Os ingleses realmente amam sentar no gramado, no chão, seja lá onde for, para assistir alguma coisa.

Não é difícil de compreender porque as pequenas praças espalhadas pela cidade ficam lotadas de gente largada no gramado bebendo uma cerveja no final de tarde (aqui umas 8, 9 horas da noite) - durante 10 meses eles passam frio, que vem acompanhado por uma chuva quase diária, vento e sem ao menos alguns raios de sol. É claro que quando o astro rei esbanja luz e calor todos ficam louquinhos por aqui.

Voltando ao "The Miracle Show", a peça que fui assistir, foi divertida. Deu pra rir um pouquinho e, durante o espetáculo eles falavam várias línguas, além do inglês claro! Cada ator era de um país, e um deles inclusiver era português. Bem em frente ao teatro, no Tames Walking (o calçadão que beira o rio) estava tendo um grande sebo improvisado. Muitos livros usados! Quase fiquei louca vendo aquilo.

Me segurei e depois de dar uma boa espiada comprei só um dicionário Oxford, o que é essencial pra mim. Apesar de ser realmente antigo (acho que de 1964), o inglês nem mudou de lá pra cá e eu achei ele bem bom. Tem os verbos frasais, guia de pronúncia e ainda por cima é em capa dura. Tudo isso por 4,95 pounds!

Isso me fez lembrar que, na segunda-feira, quando andava em direção a estação de King's Cross para bater fotos da cena dos atentatos, passei pela British Library e resolvi dar uma entrada. Fiquei lá por pelo menos duas horas. Nada aqui dá para apenas "dar uma espiadinha", quando você se dá conta a olhadela se transformou em uma aula de história.

Ali eu vi a Bíblia de Gutemberg, peças originais de Shakespeare, letras de músicas escritas à mão pelos Beatles, e alguns até mais antigos de Mozart, Bethoven, Virgínia Wolf e mais um monte de gente famosa que se for pra citar todos vou me prolongar muito aqui. Isso sem contar o acervo sonoro deles: ouvi uma entrevista com os Beatles, parte do Live Aid de 1985, autores lendo trechos de seus livros, etc...

Bom, por hoje fico por aqui. Fim do dia, fim da folga e início de um fim de semana de ralação. Vou indo nessa e acho que agora só atualizo o blog novamente no domingo. Amanhã devo ir num cover do Green Day aqui perto de casa com as italianas amigas da Cristina (que mora comigo) e sábado chego muito tarde pra pensar em escrever. Por isso, bom fim de semana para vocês, espero que o meu seja cheio de clientes ricos que deixem gordas gorjetas!

Fui!


Detalhe de um cartaz deixado por um brasileiro (que declara-se tbm londrino) no hall de homenagens, em King's Cross Posted by Picasa

News no blog

Quem me dera poder atualizar todo dia este blog. Notícia é o que não falta aqui, desde novidades sobre o "Atentado de 7/07" (como os tablóides já estão apelidando as explosões nos metrôs da semana passada); até meros fatos da vida londrina.

E é exatamente o fator chave da rotina que está me impedindo de deixar este blog sempre recheado de notícias quentinhas: falta de tempo! Escola de manhã, trabalho à tarde e nos últimos dias, para complicar ainda mais, um tráfego caótico por causa da falta de algumas linhas de metrô. Sem condições! Chego em casa muito cansada para pensar em ligar o computador e escrever nem que seja uma linha...porque sabe como é: conectou sempre tem algo a mais para ver na internet.

Por enquanto fiquem com algumas fotos que bati na segunda-feira na Estação de King's Cross. Dia que estava de folga, aproveitei o calor do sol pra descansar em um parque; mas especificamente dar uma cochilada esparramada no gramado. Meu objetivo principal era ler...mas meu corpo não resistiu e apaguei. Depois fui ver pela primeira vez a estação chave no atentado, já que a polícia descobriu ontem que os homens-bombas separaram-se em King's Cross minutos antes do atentado.

Como estou de folga novamente amanhã, conto com mais detalhes como está sendo esta primeira semana pós-explosões.


Todos os olhos da midia Inglesa voltados para os ataques dos homens bombas. Studio improvisado em frente a estacao de King's Cross Posted by Picasa


Flores em homenagem aos que morreram no atentado de quinta-feira passada, na Estacao de King's Cross Posted by Picasa

Sunday, July 10, 2005


Picadilly Circus em um fim de tarde de muito calor, turistas param para descansar Posted by Picasa

As margens do Tâmisa, a diversidade cultural de Londres

Bombas? Aqui? Sério?Ah estou de férias, não me amole....Esta parecia a reação dos turistas com suas câmeras digitais por todo o centro de Londres três dias depois do ataque terrorista em Londres, no primeiro fim de semana pós-atentado.

Andando pelas ruas entre Picadilly Circus, Trafalgar Square ou Leincester Square a impressão era de um fim de semana típico de verão Londrino... pois a vida continua, não é mesmo? "E nós estamos aqui para nos divertir!", estampavam no rosto. Um sol radiante, a temperatura subindo e a cidade do entretenimento volta à ativa: teatros, cinemas, concertos as margens do Tâmisa, píers e pubs lotados.

Infelizmente não pude desfrutar deste espetacular fim de semana. Não em grande parte, já que trabalhei todo o sábado e domingo à tarde. Entretanto, o pouco tempo que tive disponível com certeza foi muito bem aproveitado.

No sábado, após trabalhar das 9h da manhã até 7h da noite, tudo o que precisava era relaxar a mente. Nada melhor que uma apresentação teatral ao ar livre, na beira do Tâmisa. Como o espetáculo começava as 10h30 da noite, resolvi pegar um ônibus da Harrods até Picaddily, comer algo e andar pelo meio da multidão. Sempre tem alguma cena interessante para observar nestas situações!

Como recebi as gorjetas da semana, resolvi "gastar" um pouquinho mais...com certeza muita gente vai dar risada, mas sabe que lugar escolhi para jantar? MC'Donalds é claro! Não podia perder o costume, afinal de contas, "I love'n it" (Eu amo muito isso). Enquanto devorava meu Doublecheeseburger, nuggets e fries conversei com um jovem da Lituânia, o tipo de país que quase esquecemos que existe, já que ignoramos grande parte da sua história.

Daquele ponto, segui para a Victoria Embankment, avenida a margem norte do Tâmisa. Uma caminhada muito relaxante e agradável, embalada por baladinhas pop rocks vindas das festas nos píers. A caminho do National Theatre (que fica a margem sul, ao lado da Ponte Waterloo) parei para observar uma cena no mínimo excêntrica: um senhor pescando às margens do rio!

Nazareno Frederico Navarro, 60 anos, natural de Malta, aprendeu a pescar ao 6 anos de idade e, somente em Londres, lança o anzol ao rio a 30 anos. "E você consegue pegar algo bom aqui?", perguntei. Alguns minutos depois, tive a resposta. Nazareno puxa um peixe com pelo menos 50 cm de comprimento e é prestigiado com uma bela salva de palmas da platéia que se divertia bebendo uma cerveja em um píer próximo.

A salada de tribos a beira do rio é inacreditável. Atravessei a ponte e, na margem sul, a cada passo via pessoas diferentes. Primeiro, um DJ improvisava uma pisca de Rave na areia do Tâmisa, já que a maré baixa permitia o mesmo. Alguns passos dali, cinco rapazes (dois deles com grandes rastafaris na cabeça) se entregam ao som do batuque de tambores, dividindo o espaço com skatistas que exibem manobras em rampas próprias para o esporte.
A próxima parada é dos artistas de teatro e simpatizantes, no pátio do Teatro Nacional, onde; é claro, eu fico. Ali sentei no meio de turistas, artistas ou mesmo transeuntes que viram o movimento e decidiram dar uma espiadinha. O espetáculo de palhaços malabaristas com acrobacias nos trapézios, iluminados por um céu estrelado e sem nenhum sinal de chuva, deixou os pequenos de boca aberta e arrancou boas gargalhadas dos adultos.

Para mim, depois de se encantar com a riqueza das diferentes culturas que dividem democraticamente os calçadões a beira do Tâmisa, a noite encerrou em grande estilo. E assim, completo o meu primeiro mês na cidade onde tudo acontece, seja para a alegria ou para a tristeza, para o riso ou para o choro – Londres sempre vai estar nas capas de jornais de todo o mundo.

Friday, July 08, 2005

O dia seguinte

Só uma palavra para descrever o dia seguinte: inacreditável. Com exceção de algumas linhas de metrôs ainda paradas, tudo parecia ter voltado ao normal. A impressão que se tem é que todos estavam “preparados” para o que viram ontem, já que muitos alertas foram dados de que Londres seria o próximo alvo. Na verdade, a rotina só continuou – “Live goes on”, como declararam muitos ingleses.

Entretanto, os turistas pareciam ainda assustados com o que acontecera no dia anterior, já que a rua Oxford, onde se concentram as grandes lojas de departamentos da cidade, acordava muito mais calma do que nunca. Os ônibus circulavam normalmente, porém menos abarrotados, assim como as lojas que nesta época do ano estampam grandes banners de liquidação na vitrine.

Áreas como Convent Garden, Soho e, principalmente a City, estavam mais desertas. As peças da Broadway foram canceladas na noite de ontem e os concertos dos grupos Queen e REM no Hyde Park foram adiados para o próximo final de semana.

Até mesmo longe dos principais focos dos atentados, dentro da imensa Harrods, em Knightsbrigde, o movimento foi fraco. Ruim para os bolsos de Mrs Al Fayed, bom para funcionários como eu que tiveram uma tarde mais tranquila.


Waterloo Brigde ontem ao meio-dia - londrinos apressados para chegar em casa Posted by Picasa


New Oxford Street cheia de pedestres e sem trafego. Cena rara, ontem as 11 horas da manha Posted by Picasa

Ataques terroristas levam Londres ao caos

A Oxford Street sem nenhum ônibus circulando e com as lojas vazias é uma cena rara no centro de Londres. Mas não é para menos. Quem pensaria em fazer compras depois de saber que estações de metrô e ônibus estão indo pelos ares? Uma série de ataques de bombas ao sistema de transporte londrino mataram ao menos 50 pessoas, ferindo outras 700 na manhã desta quinta-feira.

Ao todo foram três explosões em metrôs e uma em um ônibus de dois andares. A primeira explosão aconteceu as 8h51 da manhã, a 100 metros da estação Liverpool Street, matando sete pessoas. Cinco minutos depois, 21 pessoas morreram entre as estações de Russel Square e King’s Cross. As 9h17, uma terceira explosão causa a morte de sete pessoas na estação de Edgware. As 9h47, quando o pânico já está generalizado na região e as pessoas correm para a rua, um ônibus explode próximo a Tavistock Place e mata mais duas pessoas.

Todo o sistema de transporte público, por onde diariamente passam cerca de 8,4 milhões de passageiros, foi fechado. Pelas ruas do centro de Londres o que se via eram ruas sem carros e muitos pedestres tentando fugir do caos e chegar em casa o mais rápido possível.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair prometeu “um serviço mais intenso de segurança e policiamento para garantir que seja feita justiça com os responsáveis”. Blair deixou a cúpula do G-8 em Gleneagles (70 quilômetros de Edimburgo, Escócia) logo após saber dos ataques, os quais considerou “atos de barbárie”.

“Eles estão tentando usar o assassinato de pessoas inocentes para nos amedrontar e impeder que façamos coisas que queremos fazer”, disse a emissoras de televisão locais.

Da noite para o dia a cidade passou de uma tremenda alegria, ao festejar ontem o anúncio de que Londres sediará as Olimpíadas em 2012, para um estado de caos e tristeza. "É um dia muito triste para o povo britânico", afirmou o primeiro-ministro. Apesar da proximidade dos acontecimentos, para o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Jacques Rogge, os ataques nada tem a ver com os jogos. “Cidades como Londres, Paris, Nova Iorque correm este tipo de risco, é só lembrar o que aconteceu em Moscou e Madri. Não há lugares salvos de ataques”, afirmou Rogge.

Um website de um grupo islâmico ligado ao Al-Qaeda, auto-denominado Organização Secreta Grupo de Al Qaeda da Organização Jihad na Europa, assumiu os ataques terroristas. “Os mujahidin heróicos realizaram um ataque abençoado em Londres. O Reino Unido está agora queimando com medo, terror e pânico no norte, no sul, no leste e no oeste. Nós alertamos repetidamente o governo britânico e sua população. Nós cumprimos nossa promessa e realizamos nosso ataque militar abençoado no Reino Unido depois que os mujahidin realizaram esforços tenazes durante um longo período, para assegurar o sucesso do ataque.”

Thursday, July 07, 2005


Ruas vazias, numa cena rara no centro de Londres. Esta avenida e as margens do rio Tamisa, na City Posted by Picasa


Press cobrindo os atentados, na Russel Square Posted by Picasa


Anuncio de que Londres sera a sede dos Jogos Olimpicos de 2012 Posted by Picasa